segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Tratamento com células-tronco para doença da córnea

Ceratocone é uma doença não-inflamatória progressiva do olho na qual mudanças estruturais na córnea a tornam mais fina e modificam sua curvatura normal para um formato mais cônico. A principal consequência do ceratocone é a diminuição da visão. Visão borrada, imagens fantasmas, sensibilidade à luz e presença de halos noturnos são os principais sintomas relatados pelos pacientes. Trata-se da distrofia mais comum da córnea, afetando 1 pessoa em cada 1.500 pessoas. O tratamento consiste em uso de óculos ou lentes de contato especiais. Mas geralmente a visão dos pacientes nunca fica perfeita. Muitos casos de ceratocone progridem ao ponto que a correção visual não pode ser mais atingida, o afinamento da córnea se torna excessivo, ou cicatrizes corneanas resultantes do uso de lentes de contato tornam-se um problema frequente. Nestes casos o transplante de córnea se torna necessário. Sendo que o ceratocone é a causa mais comum de indicação de transplante de córnea.

Um novo estudo mostrou que o transplante de células-tronco adultas derivadas de tecido adiposo diretamente na córnea é seguro e mais, as células sobrevivem e levam à produção de colágeno. Esta forma de terapia celular vai ajudar a remodelar e fortalecer a córnea de pacientes com ceratocone!

"O objetivo da terapia celular é reabilitar a biologia da córnea usando células-tronco autólogas. Neste primeiro estudo buscamos especificamente provar a viabilidade da técnica cirúrgica para implantar as células-tronco e avaliar a segurança do procedimento. Mas também fomos capazes de provar que as células estimulam a produção de colágeno, confirmando o que já provamos em estudos em animais", disse Jorge L. Alió, da Ocular Surgery News.

A terapia celular para regeneração de córnea ganhou muito espaço nos últimos anos. Os testes terapêuticos usaram células-tronco de diferentes tecidos oculares e não-oculares para verificar a sua capacidade de se diferenciar em queratócitos. Entre eles, o tecido adiposo humano demonstrou ser ideal como fonte de células-tronco devido à facilidade de acesso, alta capacidade de recuperação celular e capacidade de suas células-tronco se diferenciarem em múltiplos tipos de células.

"As células-tronco de tecido adiposo se diferenciaram em queratócitos e produzem colágeno. Isso foi comprovado em modelos animais, e nosso estudo foi o primeiro a mostrar isso acontecendo na córnea humana", disse Jorge Alío.

O procedimento é simples e leva apenas cerca de 10 minutos. Não ocorreram complicações e não foram observados efeitos negativos quanto à função da córnea.

Este estudo sugere que as células-tronco de tecido adiposo podem ser implantadas, que o procedimento é seguro e que ainda produzem colágeno nos olhos doentes. É necessário agora de um acompanhamento a longo prazo para ver os benefícios terapêuticos deste novo colágeno e seu impacto na progressão natural da doença. A longo prazo, esses queratócitos devem poder assumir e compensar o defeito criado pelos queratócitos doentios, talvez o até restabelecimento da espessura da córnea.

A mesma terapia poderia potencialmente tratar outras formas de distrofia corneana. Pela primeira vez foi possível demonstrar que a terapia com células-tronco funciona para tratar doenças da córnea. No futuro, ao diagnosticar casos de ceratoconos, será possível oferecer uma terapia minimamente traumática e minimamente invasiva para até mesmo os estágios mais avançados da doença.



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